Informação demais faz mal
- Jessica Epifanio
- 23 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
O bombardeio de informações pode causar problemas que podem afetar a saúde mental e é a principal causa de episódios de crise de pânico e ansiedade na quarentena.
Por Jessica Epifanio para Receita Federal (Ascom08)

Desde seus primórdios, o ser humano sempre teve a curiosidade e o anseio por comunicar-se com aqueles que estavam ao seu redor. As informações que partiam de relatos orais ou mesmo dos circulares que ainda eram incipientes, demoravam dias e até meses para chegar ao público distante. Com o chamado “boom” da internet, a realidade tecnológica tornou-se mediadora das relações humanas, onde uma das principais características é a hiperconectividade, ou seja, o fato de todo mundo estar conectado o tempo todo.
A velocidade com que a informação corre o mundo é quase que momentânea. A todo momento somos bombardeados por informações de diversos lados, sejam elas verídicas ou não. Mas será que estar informado o tempo todo significa estar participando ativamente da vida pública? Ou melhor, significa estar protegendo-se de fato contra o vírus, por exemplo?
Durante as últimas semanas, as notícias dos telejornais, impressos, digitais e principalmente as redes sociais ganharam tons do pânico gerado pelo novo coronavírus (Covid-19) ao redor do mundo. A leitura de balanços sobre os casos e números de mortes, publicações sobre os avanços da medicina na busca por um medicamento eficaz, estudos sobre vacinas e métodos de prevenção, tornou-se cada vez mais frequente na rotina de isolamento.
Uma pandemia gera um cenário de incertezas, e quando se trata de um vírus que é altamente contagioso e desconhecido, é natural que se queira saber mais sobre ele ou informar-se melhor. Mas o excesso de notícias e informações tem levado à população a um descontrole sobre aquilo que consome, e somado ao isolamento social imposto como medida de frear o contágio pela doença, surgem as inseguranças e recorrentes episódios de ansiedade e transtornos de estresse pós-traumático.
Esse cenário ainda torna-se propício para outros males da era tecnológica, as Fake News (notícias falsas). As chamadas das notícias, muitas vezes sensacionalistas, tendem a prender a atenção do público e, usando nomes de especialistas, personalidades célebres e até dados sem fundamentos, levam informações incoerentes com a verdade com a finalidade de propagar o medo.
É certo que a forma de se comunicar e como filtramos as informações são importantes meios para que saibamos nos proteger, quais os grupos de risco e quais as providências a serem tomadas no aparecimento dos sintomas, mas é imprescindível que esse conteúdo provenha de veículos e instituições de credibilidade, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). O fluxo desses conteúdos devem ser diminuídos gradativamente, evitando o consumo imediato ao acordar e antes de dormir, poupando a mente de assuntos pesados em momentos que requer uma “pausa” para saúde mental.
Se você sentir que sua mente está ansiosa, depressiva ou mesmo saturada, procure desligar-se por um momento, converse com um familiar ou amigo que esteja com você, ou mesmo com um psicólogo. O Centro de Valorização à Vida fornece apoio psicológico gratuito pelo telefone 188, ou pelo chat no site https://www.cvv.org.br/.
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